30 de maio de 2014

Antologia Winepunk - esboços

Um dos maiores atractivos em ilustrar um livro, não o nego, é... ler o próprio livro! A seguir à Joana e à AMP, as editoras que seleccionaram os textos, eu fui a primeira pessoa a ler os contos na totalidade (também foi por isso que alinhei, eheh). Os contos são bastante diferentes entre si, há muito material a que adoraria dar-lhe a minha interpretação nos lápis. O mais difícil foi a escolha. Desde o início que me deram carta branca, eu teria toda a liberdade no trabalho.

Ainda assim preferi esboçar algumas cenas, elas podiam assim, ao ter uma ideia mais ou menos do que eu desenharia, dar sugestões do que quisessem acrescentar e votar qual a ilustração a ser utilizada. É o método de trabalho ao que estou mais habituado.

Uma curiosidade que acho interessante de partilhar é que as ilustrações foram desenhadas pela mesma ordem que vão estar os contos respectivos no livro(ver aqui), exceptuando um deles. Essa ordenação já devia estar planeada pelas editoras porque eu ilustrava à medida que os contos chegavam à minha caixa, por isso, em última análise, não deve tratar-se de uma coincidência espantosa, mas achei importante referir porque eu e o(a) leitor(a), caso a oportunidade de ter o livro se concretizar, podemos verificar a evolução do traço e do dinamismo ao longo do livro. Não é um estilo que uso frequentemente mas espero que tenha sido consistente e melhorado.


O meu método é provavelmente muito similar aos de muitos artistas. Começo com esboços, não muito maiores que um cartão de visita, atiro sem muita preocupação os principais elementos, ignoro a perspectiva e detalhes, apenas tento que estejam esboçados o mais parecido do que creio ter imaginado. Vou acertando pormenores, já corrijo a perspectiva e coloco os elementos à escala. Tento dar-lhes alguma vida, só um pouco de personalidade. Passo a caneta pelas linhas que devem ser usadas e limpar a confusão.

Alguns ficam, não sei bem dizer, especiais... agarro-me a eles e as ilustrações acabam por ficar iguais aos esboços, apenas em ponto grande e pormenorizado. Outros esboços não tem a mesma sorte: enquanto as ilustrações são trabalhadas, alguns problemas aparecem e não os previa de algum modo enquanto rabiscava os esboços, podendo o resultado ficar bastante diferente da ideia inicial.


Mostro-vos os esboços em que rabisquei as imagens imaginadas enquanto lia o livro e que serviram de base para as ilustrações trabalhadas. Alguns daqui não viram a passagem para a versão final, no entanto também mostro esses como uma pequena antecipação das histórias e para, mais uma vez e como sempre, atiçar a curiosidade :)

1 comentário:

Ana C. Nunes disse...

Bom post! Todos os esboços me aguçam a curiosidade. Estão muito bons, mespecialmente para estudos iniciais.